terça-feira, 26 de março de 2013

História: "O coelhinho que não era de Páscoa" de Ruth Rocha


LIVRO: “O COELHINHO  QUE NÃO ERA DE PÁSCOA”

RUTH ROCHA

Ilustração: Walter Ono, Coleção: Sambalelê,  Editora Ática

 
Vivinho era um coelhinho.  Branco, redondo, fofinho.  Todos os dias Vivinho ia à escola com seus irmãos.

Aprendia a pular, aprendia  correr...  aprendia qual a melhor couve para se comer. (comendo a couve)

Os coelhinhos foram crescendo, chegou a hora de escolherem uma profissão. (Vivinho estava cheio de interrogação)

Os irmãos já tinham resolvido: (olhando as fotos na parede)

- Eu vou ser coelho de Páscoa, como meu pai.

- Eu vou ser coelho de Páscoa, como meu avô.

- Eu vou ser coelho de Páscoa, como meu bisavô.

E todos queriam ser coelhos de Páscoa, como  o trisavô, o tataravô, como todos  os avós.

Vivinho não dizia nada.  Os pais perguntavam, os irmãos indagavam:

- E você, Vivinho?  E você?

- Bom  - dizia Vivinho – eu não sei o que quero ser.  Mas sei o que não quero: SER COELHO DE PÁSCOA.

O pai de Vivinho se espantou, a mãe se escandalizou:

- OOOOOHHHHH!!!!!!

Vivinho arranjou uma porção de amigos: o beija-flor Florindo, Julieta, a borboleta, e a abelha Melinda.  (os pais e os irmãos observam-no escandalizados e dizem)

- Onde é que já se viu coelho brincar com abelha? – Os irmãos de Vivinho diziam.

Os pais de Vivinho se aborreciam:

- Um coelho tem  que ter uma profissão.  Onde é que nós vamos parar com essa vadiação?

- Não se preocupem. – Vivinho dizia.  Estou aprendendo uma ótima profissão.

- Só se ele está aprendendo a voar. – os pais de Vivinho diziam.

- Só se ele está aprendendo a zumbir. – os irmãos de Vivinho caçoavam.

Vivinho sorria e saía, pula-pulando, para se encontrar com seus amigos.

O tempo passou.  A Páscoa estava chegando.  Papai e Mamãe Coelho foram comprar os ovos para distribuir.  Mas as fábricas tinham muitas encomendas.  Não tinham mais ovinhos para vender.

Em todo lugar a resposta era a mesma:

- Tudo vendido.  Não temos mais nada...

O casal de Coelho foi a tudo que foi fábrica da floresta.  Do seu Antão, do seu João, do seu Simão.  Do seu Veloso, do seu Matoso, do seu Cardoso.  Do seu Tônio, seu Petrônio, seu Sinfrônio.

Mas a resposta era sempre a mesma:

- Tudo vendido, seu Coelho, tudo vendido...   (o casal sai abraçado desanimado)

Os dois voltaram para casa desanimados.

- Ora essa, isso nunca aconteceu...

- Não podemos desapontar as crianças...

- Mas nós já fomos a todas as fábricas.  Não tem jeito, não...

Os irmãos do coelhinho estavam tristes:

- Nossa primeira distribuição...  Ai que tristeza no coração!...

Vivinho vinha chegando com a Melinda.

- Por que não fazemos os ovos nós mesmos?

- É que nós não sabemos.

Coelho de Páscoa sabe distribuir ovos.  Não sabe fazer.

 - Pois eu sei. – disse Vivinho.  – eu sei.

- Será que ele sabe? – disse o pai.

- Ele disse que sabe – disseram os irmãos.

- Ele sabe, ele sabe! – disse a mãe.

- E com quem você aprendeu? – perguntaram todos.

- Com meus amigos.  Eu não disse que estava aprendendo uma profissão?

Pois eu aprendi a tirar o pólen das flores com Julieta e Florindo.  E Melinda é a maior doceira do mundo.  Me ensinou a fazer tudo o que é doce...

A casa da família Coelho virou uma verdadeira fábrica.  Todos ajudavam: Papai Coelho, Mamãe Coelha, os coelhinhos...

E os amiguinhos também: Florindo, o beija-flor, Julieta, a borboleta, e Melinda, a maior doceira do mundo...

E era Vivinho que comandava o trabalho.

E quando a Páscoa chegou estavam todos preparados.  As cestas de ovos estavam prontas.

E os pais de Vivinho estavam contentes.

A mãe de Vivinho disse:

- Agora, nosso filho  tem uma profissão.

E o pai de Vivinho falou:

- Cada  um deve seguir a sua vocação....