LIVRO: “O COELHINHO QUE NÃO ERA DE PÁSCOA”
RUTH ROCHA
Ilustração: Walter Ono, Coleção:
Sambalelê, Editora Ática
Vivinho era um coelhinho. Branco, redondo, fofinho. Todos os dias Vivinho ia à escola com
seus irmãos.
Aprendia a pular, aprendia correr...
aprendia qual a melhor couve para se comer. (comendo a couve)
Os coelhinhos foram crescendo, chegou
a hora de escolherem uma profissão. (Vivinho estava cheio de interrogação)
Os irmãos já tinham resolvido:
(olhando as fotos na parede)
- Eu vou ser coelho de Páscoa, como
meu pai.
- Eu vou ser coelho de Páscoa, como
meu avô.
- Eu vou ser coelho de Páscoa, como
meu bisavô.
E todos queriam ser coelhos de Páscoa,
como o trisavô, o tataravô, como
todos os avós.
Só Vivinho não dizia nada. Os pais perguntavam, os irmãos indagavam:
- E você, Vivinho? E você?
- Bom
- dizia Vivinho – eu não sei o que quero ser. Mas sei o que não quero: SER COELHO DE
PÁSCOA.
O pai de Vivinho se espantou, a
mãe se escandalizou:
- OOOOOHHHHH!!!!!!
Vivinho arranjou uma porção de amigos: o
beija-flor Florindo, Julieta, a borboleta, e a abelha Melinda. (os pais e os irmãos observam-no
escandalizados e dizem)
- Onde é que já se viu coelho brincar
com abelha? – Os irmãos de Vivinho diziam.
Os pais de Vivinho se
aborreciam:
- Um coelho tem que ter uma profissão. Onde é que nós vamos parar com essa vadiação?
- Não se preocupem. – Vivinho dizia. Estou aprendendo uma ótima profissão.
- Só se ele está aprendendo a voar. –
os pais de Vivinho diziam.
- Só se ele está aprendendo a zumbir.
– os irmãos de Vivinho caçoavam.
Vivinho sorria e saía, pula-pulando, para se
encontrar com seus amigos.
O tempo passou. A Páscoa estava chegando. Papai e Mamãe Coelho foram comprar os ovos
para distribuir. Mas as fábricas tinham
muitas encomendas. Não tinham mais
ovinhos para vender.
Em todo lugar a resposta era a mesma:
- Tudo vendido. Não temos mais nada...
O casal de Coelho foi a tudo que foi
fábrica da floresta. Do seu Antão, do seu João, do seu Simão. Do seu Veloso,
do seu Matoso, do seu Cardoso. Do seu Tônio,
seu Petrônio, seu Sinfrônio.
Mas a resposta era sempre a mesma:
- Tudo vendido, seu Coelho, tudo
vendido... (o casal sai abraçado
desanimado)
Os dois voltaram para casa
desanimados.
- Ora essa, isso nunca aconteceu...
- Não podemos desapontar as
crianças...
- Mas nós já fomos a todas as
fábricas. Não tem jeito, não...
Os irmãos do coelhinho estavam
tristes:
- Nossa primeira distribuição... Ai que tristeza no coração!...
Vivinho vinha chegando com a Melinda.
- Por que não fazemos os ovos nós
mesmos?
- É que nós não sabemos.
Coelho de Páscoa sabe distribuir
ovos. Não sabe fazer.
- Será que ele sabe? – disse o pai.
- Ele disse que sabe – disseram os
irmãos.
- Ele sabe, ele sabe! – disse a mãe.
- E com quem você aprendeu? –
perguntaram todos.
- Com meus amigos. Eu não disse que estava aprendendo uma
profissão?
Pois eu aprendi a tirar o pólen das
flores com Julieta e Florindo.
E Melinda é a maior doceira do mundo. Me ensinou a fazer tudo o que é doce...
A casa da família Coelho
virou uma verdadeira fábrica. Todos
ajudavam: Papai Coelho, Mamãe Coelha, os coelhinhos...
E os amiguinhos também: Florindo,
o beija-flor, Julieta, a borboleta, e Melinda, a maior doceira do
mundo...
E era Vivinho que
comandava o trabalho.
E quando a Páscoa chegou
estavam todos preparados. As cestas de
ovos estavam prontas.
E os pais de Vivinho estavam
contentes.
A mãe de Vivinho
disse:
- Agora, nosso filho tem uma profissão.
E o pai de Vivinho falou:
- Cada um deve seguir a sua vocação....
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